terça-feira, 25 de março de 2014

Prorrogado até dia 31 o prazo da consulta pública ao Dossiê de registro do Carimbó como Patrimônio Cultural Brasileiro


Reunião teve mestres do Salgado e Marajó (Fotos: Cris Salgado)


No dia 18 de março, mestres do Carimbó de diversas regiões do Pará (Marajó, Salgado e região metropolitana) estiveram novamente na sede regional do IPHAN (Belém) para entregar sua proposta de correção ao Dossiê de Registro do Carimbó como Patrimônio Cultural Brasileiro, que o órgão elaborou e cuja consulta pública se encerraria naquela data. Como os mestres alegaram a dificuldade que sentiram para que todos os grupos interessados tivessem tomado conhecimento do conteúdo do Dossiê e da própria consulta em si - já que ela é feita apenas através da internet, cujo acesso é por vezes muito difícil nos interiores -, o IPHAN concordou em estender o prazo da consulta até o próximo dia 31 de março. Qualquer pessoa pode consultar o dossiê e contribuir com sugestões ou correções. (Acesse a notícia no site do IPHAN onde constam os links do dossiê e do inventário de referências culturais do carimbó).

Perto de 9h da manhã, já havia diversos grupos na área externa do prédio do IPHAN na esquina de José Malcher com Benjamin Constant. Gente que havia saído de casa perto de 5h, 6h da manhã e viajado cerca de três a quatro horas para estar ali defendendo o registro do Carimbó como Patrimônio Cultural Brasileiro. Diferentemente do encontro anterior, em 6 de março, desta vez não houve o interesse dos grandes veículos da imprensa de Belém em cobrir o evento, só estiveram presentes o site Pará Música e nós do Som do Norte, além da Rádio Paraíso FM (Salinópolis).

Os trabalhos no auditório do IPHAN começaram perto de 11h, com uma roda e gritos de "Viva o Carimbó," como não podia deixar de ser, e acabaram com outra roda, passado um pouco das 14h. O coordenador-geral da Campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro, Isaac Loureiro, lembrou o ineditismo de o IPHAN abrir consulta pública para um dossiê, algo que não aconteceu em nenhum dos 29 processos já concluídos de registros de bens pelo órgão. A abertura só aconteceu devido à mobilização da comunidade carimbozeira, que, considerando que o dossiê, quando publicado, será a principal referência sobre carimbó para o público brasileiro, está se empenhando ao máximo para que o estudo não contenha erros, mesmo que de antemão se saiba que é impossível citar no documento todos os grupos hoje existentes.

O antropólogo Ciro Lins participou da reunião como representante do IPHAN, relatando as dificuldades que o órgão enfrenta para, com equipe e verba reduzidas, dar conta da demanda de registros de novos bens culturais e salvaguarda dos já registrados. Acrescentou também que, além da revisão que se faz previamente agora, futuramente o Dossiê do Carimbó pode passar por nova revisão para ser republicado com acréscimos e correções. "A cada 10 anos, existe a revalidação dos bens registrados", explicou, e nestes momentos podem ocorrer modificações. 

Mestre Manoel Pinto, do grupo Uirapuru (Marapanim), lembrou aos presentes a necessidade de os grupos se constituírem legalmente, obtendo CNPJ, pois do contrário não poderão ter acesso aos recursos que serão garantidos aos carimbozeiros após a promulgação do registro pelo Ministério da Cultura.


Mestre Nelson Freitas, de Salinas (Foto Cris Salgado)

Mestre Dico Boi, de Santarém Novo
 (foto Cris Salgado)
No player abaixo, você começa ouvindo um trecho da roda de carimbó que reuniu integrantes de diversos grupos no pátio do IPHAN, antes do começo da reunião. Seguem-se as entrevistas com Elias Barata Modesto (do grupo de Carimbó Raio de Luz, da comunidade de Itajubá, município de Curuçá), Nelson Freitas(foto acima)(do Grupo de Carimbó O Popular, de Salinópolis), Dico Boi(foto à direita)(do grupo Os Quentes da Madrugada, de Santarém Novo) e Mestre Diquinho (do Grupo de Tradições Marajoaras Cruzeirinho, de Soure, Ilha do Marajó). 




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